sexta-feira, 5 de março de 2010

Onde os fracos não têm vez (Do público ao privado)

Enfadonho e promíscuo o ímpeto humano

A morte dos peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas

Aponta para o incesto da realidade

Face aos fatos recorrentes na Natureza

Numa escalada em que os impropérios da ação

Corroboram o exclusivo desvio do céu

A soberba se tornou o precipício do poder

Sem que fosse visto o abuso nas palavras

O deslocamento das placas tectônicas

Mostram que a dúvida é inimiga da notícia

Ainda que não lhes faltem meias onde colocar o que muitos não têm

Cerca de 8 centímetros separam o caos da dispersão

No descolamento dos átomos na intrépida ordem natural das coisas

A interdição do trânsito de forma radicada

Promove o conflito de interesses

Dos interlocutores dos lares

Que na pressa cotidiana perdem o tino

E destoam da própria felicidade interior

Aos temperamentos sobre os quais mal sabem desdizer

Coloca em xeque o desenvolvimento da civilização

E em choque o movimento (in)constante do pensamento

Tal qual a instabilidade das placas continentais

Se não enfrentar diariamente o atraso do tempo

A uniformização dos hábitos prensa a criatividade artística

Na intermitência dos mecanismos industriais de produção

Como se nunca houvesse um ponto de partida

E o ciclo fosse apenas o mergulho no processo

Escamoteados no sistema vigente, em surdina, egos em chama

A encruzilhada enaltece o simulacro de máscaras anacrônicas

Na estrada em que se perdem verdades escusas

De um dia que ainda não passou

Fatídica exposição a que há submissão

O detalhe percorre todos os meandros do real

Com julgamentos tácitos e irrepreensíveis

Resta a esperança de um tempo que não se faz presente

Onde o amor na lembrança guarda os bens queridos

Pauta o acalanto como forma nodal despretensiosa

Tira a dama para a dança que ela verte o riso

E deixa a gratidão morar em teu peito

Com a felicidade estampada no rosto

Atônito de vida extensa nos recônditos do amor

Que perduram os perenes recomeços

Cala a voz que sugere um convite

Saiba lá que destino sintetiza aquele desejo

Exponha o interior à choupana dourada

Aos dias enclausurados de alvorecer

O pedido preso na garganta

E o segredo da tomada do sentimento puro

Longe de suspeitas, aquém de julgamentos

E fora de cogitação no plano das idéias

Naqueles olhos puxados encontro a paz que nunca vi

E o ritual das mãos determina cem quilômetros em quatro segundos

Deu a volta ao mundo sem piscar os olhos

Nem precisava deixar provas indissociáveis

Posto que o factível compromisso de agora mova o pretexto do não

Apriori, inconteste, mergulhado na brevidade

Da imprevisibilidade de versos soltos

Infindo matiz dos sinuosos riscos do medo

De te querer eminentemente

Plumas e paetês contrastam com a multidão de fora

Sem perder de vista o imenso vazio desertor

Diletante e auricular proteção da fina angústia

Conspiração entusiástica de dois seres

A vida se levou em canções marcantes

Passadas a fio entre os dedos

Numa algazarra da calma que parecia interminável

Deitadas as cores no jardim

Como se fossem os braços da mulher estendidos

Em forma de uma emoção indissociável

Que narra, conjuga, engrandece, sem falsear

A vez do sim é o preço em espécie

Afora as queixas, os preceitos e descompassos

Desperdícios são o de não te tirar para sorrir

Em passos curtos e célebres

Ainda que céleres, eternizam a beleza de uma festa.

Um comentário:

Tatiane disse...

Caro editor,voce inaugurou um novo formato de jornalismo: o poético...rs..Gostei mto do texto..bjs