segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estribrilhos cordianos

Não que isso me traga qualquer sensação outra que não seja a transcrição do que é espontâneo antes de qualquer coisa. No céu de todo dia nasce protegido o Sol que guia nossa caminhada. É o jogo da vida que incandesce todas as relações cotidianas. Por mais que sejam raras, sempre trazem uma lição, fruto de uma experiência diferenciada.
Descanso não parece mais do que o intervalo de uma aposta séria, com a garantia de resposta. Ela vai passar, tenho certeza. Ainda que tão tarde, que me permita apenas decifrar teus passos inquietantes. Na janela, encontro o lugar de tua longa estrada; sob meus olhos se desenharam cinqüenta poucos anos de amor. Sentimento este dono de mim. “Superegoísta”, uma vez que aguçava alguns outros frascos de perfume às minhas sensações, tão afrodisíacas quanto inéditas (na capacidade de me revolver).
É a morada do meu interior. Esse devaneio trouxe um resquício da falta do que nunca senti. Ocupou tanto que vivo a pensar na calma das belas frases ao pé do ouvido. Minha troca, sem opção, é a escolha do retrato. Em sua pintura vejo toda a imagem da felicidade. E não usa cores. Repousa em si os sons do arco-íris que desencontro há muito. De quando em quando, devolvo aos mares as palavras guardadas sob as minhas sete chaves, seja pela omissão ou pela abnegação; outrora se entenderia que, para a obtenção da plenitude, necessário seria desviar de inúmeras fagulhas envoltas de expectativas.
O divã de minha vida, diva, dádiva de Deus, espera pelo retorno da ida que escapou a fios. O descompasso entre alegria de alma e a febre do corpo é a medida (in)exata do evento encantado. A mar teus erros, infinita soma de acertos. Feito dom do coração. Música iletrada de uma nota só.

- Tum-tum... tum-tum... tum-tum... tum-tum!

Corre à vista tuas lágrimas de emoção firme, longe daquela lembrança que lhe atormentava o pensamento. Luz da sombra em tela na marcha, na areia, visão da delicadeza, natural, súbita, insana. Incólume razão que me contorna e apaixona o meu ser com a comoção do “vir a ser”. A tradução de teus sonhos se revelam na similitude de tuas feições, resplandecentes, extenuantes, vibrantes, como a constelação tão singular e vigorosa na distribuição celestial de minhas ambições.

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