domingo, 1 de novembro de 2009

Obra Prima

Vozes gris aprumam conselhos
Na plenitude da alma imersa no caos
As folhas secaram de tanto chorar
Esperando o alento despertar na virtuosa calamidade
Do jardim de dentro de mim...
E as flores brotaram, reproduzindo o silêncio
De gritos ensurdecedores na interseção do conflito.
Sucumbem em meio à escuridão os sorrisos
Amaros tons da felicidade importada
Falam-me as pétalas sobre o derradeiro
Exalando a efemeridade dos sonhos
Nos confins das tréguas dispersas
Da ordem involuntária das coisas
A similitude de tua imagem
No meu espelho refrata a sensibilidade.
E a percepção acudiu as regras
Como anomalias vigentes dentro do todo.
A parte avilta os momentos discrepantes
Ser lógico é deter a verdade?
Seria mesmo a razão pura a fonte do conhecimento?

Faltam-me ares para desvelar segredos
Valores próprios do sensível
Dirimindo os carinhos da calma
E as versões da culpa que repercute no exílio.
As relações, definitivamente, não são contratos.
Parecem-me acordos da pressa de não se ter
Em detrimento do risco de querer
Na indisposição da dúvida
Em sua frequência intermitente
Nos recônditos da estapafúrdia dissonância cordiana
Onde a entrega vale a joia preciosa
Que o bandido levou sem pedir licença
Nem preciso dizer que o licor está entranhado nas vísceras
Daqueles pretextos encenados guardo as poesias,
Colírio do paciente infinito
De preliminares extensos ao pé da cama
Na vultuosa celebração das unidades cúmplices no intervalo do acaso
As taças, jogadas ao chão, indicam o infinito
Embebido de prazer no ritual do triz
As frutas envolvidas pelo chocolate
Na disposição tênue de teus lábios
Ruborizam os fogos de artifício no peito do artista,
Certo de que a criação não passou de um lapso
Do tapa inesperado à convicção do desagravo,
Tudo ressoa incrustado na represa das emoções
Que alaga os clarões de pensamentos
Na indiscrição dos sentimentos escusos
De vidas a casos velados
Carta na manga de um fel atônito
Apriorismo do amor puro no desejo indissociável
Tom da púrpura certeza na mesmice de hoje
Ao aviltar os pássaros em seu humilde canto
Que prestigia o isolamento da lembrança
Esmiuçada em palavras e hipóteses
No arbitrário jogo das ideias
Insólita missão essa do recurso ambíguo
Entre as disparidades dos interesses controversos
Alvoroços das festas sem a música preferida
Que grita embaixo da superfície na qual há esperanças
Vicissitudes aportam à redenção despida de crença
Rapto dilacerado do comodismo
Cortejos sinuosos pedem o divisor de águas
Na finita perturbação do tropeço em suas tais vezes
Defino em frestas e faíscas o lampejo da métrica no agora
Que passa a não sê-la neste degrau
Abaixo de ti na escala do acalanto
Entreaberto na odisséia de saberes expiados
Findo o crepúsculo na ausência de luz
Levada pela constelação atinente ao movimento ligeiro das formas
Perfeitas em seu encadeamento lógico
Equilibradas na estapafúrdia calmaria das ondas
Nos destoados esguichos de rimas enrustidas
Nas contraproducentes dimensões do além do mais.
Os dissabores condecoram a desonra ao mérito
Do atrito incontrolável dos entraves
Que, sem pestanejar, deixam marcas comportadas.
Do vento trago as folhas que emprestam as passagens
E mostram os caminhos naturais
Da próxima partilha em terras desconhecidas
Longínquo terminal da sede de quem se vê caprichoso.
.

Nenhum comentário: