segunda-feira, 21 de maio de 2012

CINE BOTEQUIM SOCIAL CLUB

Nesta segunda-feira, os Deuses manifestaram vozes em prol do bem da humanidade. Quatro comsensianos e uma odisseia, na qual jamais imaginavam desatinar olhares a uma insinuante lócus de boemia e saudosismo. Claquete, película e cia.: nada se perde na imensidão de perspectivas que, ao tom do espelho, repercutem conhecimento e geram valores indissociáveis ao preceitos artísticos e humanitários. A vida imita a arte. Não é fogo de palha. Nem golpe de vista. 


A transposição de ícones do cinema num espaço público retribui com garbo e elegância à distonia transeunte da realidade social moderna. Os desejos itinerantes da confraria é delegar ao público-alvo a tomada de opiniões contundentes acerca do que lhes é fronteiriço. Perceber sem crer. Visar sem controlar. Tornar comum aquilo que nos atinge com certa provocação. As separatistas formas criadas por sombra e luz conjecturam o ambiente perfeito para a reflexão cognitiva e despretensiosa compleição humanística. 


Os heróis de hoje permanecem desvelados nas esquinas do cotidiano, sem, ao menos, terem reconhecidas as identidades. Categórica composição entre câmera e ideia: o real é o espelho dileto do subconsciente humano, forma especial de manifestação da verdade amostrada na forma mais precisa de linguagem. Don Corleone, Hulk, Super-Homem, São Jorge: ícones da projeção simbólica realizada através de convenções estabelecidas pelo exercício pleno de atitudes que tangenciem o imponderável. A transitoriedade do real em realidade é permanentemente digna de fascínio. 


É o que revela a narrativa não-linear de Pulp Fiction, que, metaforicamente, continua entrelaçada ao cotidiano, onde o Tempo de Violência parece ininterrupto. Consoante à marca registrada de Quentin Tarantino da narrativa não-linear, a história de Pulp Fiction é apresentada fora de sequência, consolidada em torno de três histórias, distintas e entrelaçadas. Para Tarantino, o assassino da máfia Vincent Vega (John Travolta) é o protagonista da primeira história, intitulada "Vincent Vega e a esposa de Marsellus Wallace"; o pugilista Butch Coolidge (Bruce Willis) é o protagonista de "O Relógio de Ouro", a segunda; e o companheiro de Vincent, Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), o protagonista da terceira, "A Situação Bonnie". 


Mesmo que cada história se concentre em uma diferente série de incidentes, com o envolvimento de inúmeros personagens, elas se entrelaçam de diferentes formas. Há um total de sete sequências narrativas, sendo que as três histórias principais são iniciadas por uma tela preta. No pôster localizado aos meus olhos, Uma Thurman, que dominou a cena publicitária do filme, fotografada na personagem de Mia Wallace numa cama com um cigarro nas mãos e o cenário do mundo promíscuo e inconsequente. Conhecida como a "jovem e bela esposa de Marsellus (interpretado por Ving Rhames), Uma sempre teve o reconhecido desejo de Tarantino para atuar no exposto cinematográfico que transpõe as rédeas do previsível mundano. 


O filme de Quentin Tarantino, cujo título é uma apologia às revistas Pulp, populares durante a metade do século XX e ditadas pela violência gráfica, é conhecido pelos diálogos ricos e ecléticos, com um enredo que realoca humor e violência, numa série de alusões a outras produções cinematográficas e referências à cultura pop estadunidense. Pulp Fiction fora indicado a sete estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor filme. Tarantino e Avary ganharam o prêmio de melhor roteiro original. Também recebeu o prêmio Palma de Ouro, no Festival de Cannes de 1994. 


A perspectiva cinematográfica insinuante e surpreendente de Tarantino rendeu sucesso de críticas e comercial. Pulp Fiction reconsolidou a carreira de John Travolta (vencedor do Oscar de melhor ator), assim como as de Samuel L. Jackson e Uma Thurman. Como o ditado diz que Deus escreve certas por linhas tortas, foi preciso uma segunda-feira atípica para para dar descontinuidade artística ao conteúdo do autor e transmitir através das palavras o sentimento da intertextualidade, que passou pela Rua Conselheiro Saraiva sem pedir licença. 


Nada soa livre para as retinas deste que brinca com o pressuposto de descrever. A sinestesia faz aniversário com a Josi, tão querida amiga: luz, cor, som, aroma e sombra compõem o universo ideal para o registro de almas pensantes.

Um comentário:

Tatiane disse...

maravilhoso,editor!achamos nosso lugar nas sessoes externas do cineclube!