O jornalismo é, na essência, permanecer continuamente indignado com a dor do outro. A saber que é nossa obrigação denunciar todo e qualquer impropério observado em curso cotidiano. Em simples palavras, ser jornalista é confortar os aflitos.
Nos meses de outubro e novembro, venho passando por experiências riquíssimas no campo da apuração de fatos ligados à rotina social. Num plantão de redação no fim de semana, acabei sendo mandado a uma delegacia para colher informações de um suposto crime passional, que terminou com uma ameaça de morte por um estudante de Direito a sua ex-mulher e mãe dela. Após a tentativa frustrada, o rapaz degolou o cão de estimação da família com uma faca. Para dirimir o caso, é imprescindível ouvir todas as partes possíveis. Só foi possível ouvir a parte da polícia.
Na primeira semana de novembro, tive outra experiência enriquecedora: acompanhei uma jornalista na entrevista com o dono de uma das mais bem sucedidas empresas de marketing multinível do país. Esta que segue o rumo da TELEXFREE. Acossados, não podemos deixar de açoitar aquilo que profundamente nos incomoda.
Desde os obstáculos suburbanos até as grandes desídias regionais, é preciso que se desprenda de valores intimamente ligados ao comodismo desenfreado da sociedade contemporânea. Até quando vamos permitir que a ingnorância alheia e o desdém da administração pública (com letra minúscula mesmo) se sobreponham ao direito imperativo de ir e vir de qualquer cidadão?